O debate sobre o agro no metaverso vem ganhando espaço em feiras tecnológicas, eventos de inovação e nos bastidores das grandes empresas do agronegócio. A proposta de utilizar ambientes virtuais imersivos para simular, treinar e até negociar dentro do setor agropecuário divide opiniões. Para o empresário Aldo Vendramin, trata-se de uma tendência que ainda está em fase inicial, mas que, se bem aplicada, pode trazer avanços estratégicos em áreas como capacitação técnica, marketing de produtos e gestão remota de propriedades.
Embora o termo “metaverso” ainda pareça distante da realidade rural, os primeiros movimentos já indicam caminhos promissores. Universidades e startups têm desenvolvido experiências virtuais que permitem simulações de manejo agrícola, treinamentos para operadores de máquinas e visualização em 3D de plantações e instalações. Esses recursos ampliam as possibilidades de educação no campo, especialmente em locais com acesso limitado a estruturas físicas de formação.
O agro no metaverso como ferramenta de capacitação e simulação
Um dos principais argumentos a favor do agro no metaverso é seu potencial de transformar a forma como o conhecimento é transmitido no meio rural. Em vez de cursos tradicionais ou vídeos tutoriais, produtores, técnicos e estudantes podem vivenciar situações complexas em um ambiente digital interativo. Aldo Vendramin considera que esse tipo de recurso pode democratizar o acesso à informação e acelerar o processo de qualificação da mão de obra agrícola.

Com o uso de avatares e espaços virtuais, é possível simular plantios, colheitas, manutenção de equipamentos e até a análise de solo em diferentes condições. Essas experiências contribuem para o aprendizado prático, com menor custo e sem riscos para a produção real. Além disso, o metaverso permite reuniões e visitas técnicas virtuais, ampliando o contato entre especialistas e produtores de diferentes regiões, encurtando distâncias e promovendo intercâmbio de conhecimento.
Limites e exageros na aplicação da tecnologia
Apesar dos benefícios potenciais, é importante refletir sobre os limites reais do agro no metaverso. Nem todas as propriedades contam com conectividade adequada ou estrutura tecnológica para utilizar essas ferramentas com eficiência. Segundo Aldo Vendramin, a adoção precisa ser gradual e acompanhada de estratégias que priorizem os desafios mais urgentes do setor, como acesso à internet, energia e assistência técnica presencial.
Outro ponto de atenção está no risco de superestimar o papel do metaverso como solução universal. O agro brasileiro ainda enfrenta gargalos estruturais profundos, e priorizar investimentos em tecnologias de ponta sem resolver questões básicas pode gerar desequilíbrios e desperdício de recursos. O metaverso deve ser encarado como uma ferramenta complementar, e não como substituto da realidade física, do contato direto com a terra e da vivência prática que o campo exige.
Oportunidades para marketing, comércio e relacionamento
Além da capacitação, o agro no metaverso abre espaço para novas formas de interação comercial. Empresas de insumos, implementos e genética já testam showrooms virtuais, onde clientes podem explorar produtos e serviços em tempo real, com explicações interativas e visitas guiadas por especialistas. Aldo Vendramin aponta que, nesses casos, o metaverso pode aumentar a atratividade das marcas e proporcionar uma experiência mais rica ao comprador, especialmente em eventos como leilões e exposições agropecuárias.
Outro uso possível está na promoção de produtos com apelo sustentável. Propriedades que utilizam práticas regenerativas ou que possuem certificações ambientais podem recriar suas fazendas em ambiente virtual, mostrando aos consumidores e parceiros como sua produção ocorre, com transparência e inovação. Essa aproximação pode gerar valor agregado e fortalecer a reputação de empresas comprometidas com boas práticas.
No fim, o metaverso não é uma revolução imediata para o campo, mas uma possibilidade concreta de evolução. Sua utilidade dependerá do modo como o setor souber integrar inovação com realidade, necessidade com viabilidade. Com equilíbrio e foco, o agro pode explorar esse universo digital como mais um aliado na construção de um futuro produtivo, inclusivo e tecnologicamente avançado.
Autor: Nikolaeva Orlova